Até quem sabe a voz do dono Gostava do dono da voz Casal igual a nós, de entrega e de abandono De guerra e paz, contras e prós Fizeram bodas de acetato - de fato Assim como os nossos avós O dono prensa a voz, a voz resulta um prato Que gira para todos nós O dono andava com outras doses A voz era de um dono só Deus deu ao dono os dentes Deus deu ao dono as nozes Às vozes Deus só deu seu dó Porém a voz ficou cansada após Cem anos fazendo a santa Sonhou se desatar de tantos nós Nas cordas de outra garganta A louca escorregava nos lençóis Chegou a sonhar amantes E, rouca, regalar os seus bemóis Em troca de alguns brilhantes Enfim a voz firmou contrato E foi morar com novo algoz Queria se prensar, queria ser um prato Girar e se esquecer, veloz Foi revelada na assembléia - atéia Aquela situação atroz A voz foi infiel, trocando de traquéia E o dono foi perdendo a voz E o dono foi perdendo a linha - que tinha E foi perdendo a luz e além E disse: minha voz, se vós não sereis minha Vós não sereis de mais ninguém